Quando
a criança entra na idade pré-escolar, entre três e seis anos, seu
universo torna-se muito maior, com infinitas e profundas transformações.
Surge
a possibilidade de contato com crianças da mesma faixa etária, porém
com diferenças de raça, credo, valores e costumes. Novos amigos,
brincadeiras e aprendizados.
A
criança retorna para casa ao fim do período escolar cheia de novidades,
boas ou não. De qualquer forma, é um novo ser com novas histórias para
contar e vivenciar.
Cabe à família interessar-se pelo que tem a
dizer, prestar atenção e ouvir, carinhosa e verdadeiramente, pois a
criança é muito esperta e percebe quando o adulto deseja encerrar ou
encurtar a conversa. Aos poucos, vai deixando de compartilhar suas
experiências.
Após essa fase, ou seja, a partir dos seis anos, ela
entra efetivamente na idade escolar. Tem início um período de maior
desenvolvimento intelectual e social. É capaz de fazer mais coisas, vai
se tornando mais independente e assumindo novas responsabilidades, tais
como: fazer a lição de casa, cumprir horas de estudo, alguns trabalhos
domésticos, incluindo arrumação e organização de seu próprio quarto.
A
cada capacidade conquistada, sente alegria e orgulho de si mesma e,
evidentemente, espera o mesmo de sua família para poder validar estes
sentimentos de auto-afirmação.
Quando isto não acontece, sua
auto-estima despenca terrivelmente. Ela se sente frustrada, depreciada e
sem motivação para perseverar e vencer.
De alguma maneira, os
adultos responsáveis por ela deveriam refletir sobre o que é fundamental
de fato na educação infantil e priorizar, sem cobrança mais tarde. Para
a criança de qualquer idade, os cuidados básicos quanto à saúde física,
não bastam. Ela necessita se sentir amada, desejada e apoiada. Precisa
que os pais estejam presentes não só no lar, mas nas atividades
escolares e sociais. Deseja compartilhar sua vida dentro e fora de casa
para se sentir pertencente à família, saber e sentir que tem lugar na
família e no mundo.
Como seu universo social durante a maior parte
do tempo é na escola, esta oferece às crianças atividades intra e
extracurriculares, como: feiras de ciência, teatro, esportes, festas
comemorativas, palestras para pais e alunos e a criança espera que eles
participem e colaborem.
Assim, muitos pais se engajam na
Associação de Pais e Mestres, participam de reuniões em que os
professores dão retorno sobre o aproveitamento escolar de seus filhos,
vão assisti-los em competições esportivas e recreativas. Enfim, há
muito o que pensar e contribuir.
Óbvio que a criança não quer pais
superprotetores, que não permitam sua independência e exercício de suas
capacidades recém-adquiridas, como também não desejam pais alienados,
que não sabem e não participam de seu desenvolvimento fora do lar.
Nessa
faixa etária, a criança começa a experimentar dormir longe dos pais,
seja na casa de familiares ou amiguinhos mais chegados e trazê-los para
dormir em sua casa. Assim, os pais também têm que procurar conhecê-los
antes e a suas respectivas famílias, até para facilitar a decisão se ele
pode ou não dormir fora de casa.
Algumas crianças evitam
participar de eventos nos quais são mais expostas, por timidez,
insegurança ou medo de fracasso. Os pais devem ficar atentos e tentar
compreender o que se passa, que mensagem estão querendo transmitir e
apoiá-los, tentando modificar essas atitudes.
Incentive seu filho a
fazer amizades, convidar seus amigos a frequentar sua casa. Promova
passeios infantis com interesses próprios da idade e permita que ele
escolha um ou dois coleguinhas para acompanhá-los.
Caso não
obtenha resultado positivo, peça ajuda ao pedagogo ou psicólogo da
escola para uma orientação mais profissional e capacitada.
É
fundamental perceber que a comunicação com seu filho deveria se iniciar
muito precocemente e se tornar um processo contínuo, um hábito sadio por
toda a vida. Não perca a possibilidade de poder dialogar com ele e de
compartilhar todos os momentos possíveis e necessários.
Ana Maria Morateli da Silva Rico
Psicóloga Clínica
Psicóloga Clínica
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